Tributo às Tradições

28/05/2015 08:54

Pela escritora da AMES Célia Alves

 

Com tentos de couro cru que o pai deixou de herança

Fui tecendo trança a trança o laço da tradição.

Prendi a gaita e o violão na armada grande da arte!

Do ajojo fiz o suporte pra prender sem dar um nó

As rodilhas de cipó que colhi no mês de maio

E as taquaras do balaio que busquei no cafundó.

 

Nos sarrafos da mangueira preguei notas musicais

Dos berros dos animais e dos gritos dos peões.

Sob o teto dos galpões apojei vaca com cria,

No lombo da ventania repontei tropa de osso

Lenço vermelho ao pescoço espalhando a inverneira

E com as cores da bandeira pintei o sonho de moço.

 

No pilão velho de cerne fiz quirela pros pintinhos

Colhi os ovos do ninho da galinha Carijó.

Com o faro do Totó encontrei tempos depois

A minha junta de bois que puxavam o engenho e,

Ainda, com mais empenho, a carreta, o arado.

Nesse ritual sagrado guardo o tempo de onde venho.

 

Quando tremula a bandeira e ecoam as vozes do hino

Perpassa um arrepio fino no couro rude da gente

O capim espalha a semente, nasce a flor do telurismo

Reacendendo o civismo do povo do meu Estado.

 

Trago de canto chorado o rebanho de lembranças

Atando em ponta de lança um verso xucro, rimado!

 

E ... VIVA O RIO GRANDE DO SUL!