Tributo às Tradições
Pela escritora da AMES Célia Alves
Com tentos de couro cru que o pai deixou de herança
Fui tecendo trança a trança o laço da tradição.
Prendi a gaita e o violão na armada grande da arte!
Do ajojo fiz o suporte pra prender sem dar um nó
As rodilhas de cipó que colhi no mês de maio
E as taquaras do balaio que busquei no cafundó.
Nos sarrafos da mangueira preguei notas musicais
Dos berros dos animais e dos gritos dos peões.
Sob o teto dos galpões apojei vaca com cria,
No lombo da ventania repontei tropa de osso
Lenço vermelho ao pescoço espalhando a inverneira
E com as cores da bandeira pintei o sonho de moço.
No pilão velho de cerne fiz quirela pros pintinhos
Colhi os ovos do ninho da galinha Carijó.
Com o faro do Totó encontrei tempos depois
A minha junta de bois que puxavam o engenho e,
Ainda, com mais empenho, a carreta, o arado.
Nesse ritual sagrado guardo o tempo de onde venho.
Quando tremula a bandeira e ecoam as vozes do hino
Perpassa um arrepio fino no couro rude da gente
O capim espalha a semente, nasce a flor do telurismo
Reacendendo o civismo do povo do meu Estado.
Trago de canto chorado o rebanho de lembranças
Atando em ponta de lança um verso xucro, rimado!
E ... VIVA O RIO GRANDE DO SUL!