Surpresas

JB Cardoso

    Olho a TV e vejo o sem número de veículos tomando a rodovia na volta da praia. A viagem desgastante é o contraponto de um final de semana de descanso, de convivência com a família, e conversa fiada com os amigos. Na verdade parece mais com um castigo aos que se atrevem a querer passar o fim de semana no litoral.

E eu penso naqueles bem radicais, que na sexta-feira se desligam do mundo. Ou seja: desligam celular, pra não receber ligações, e-mails, whatsapp, twitter, facebook, nada. Ele quer descanso. Ele quer isolamento. E não quer saber de notícias. Nem boas, nem ruins. Quer descansar. Só isto.
    Na segunda-feira de manhã ele vai religar o celular. E vai começar a ver as atualizações das redes sociais. E vai receber as mensagens dos amigos pelo resultado do jogo de domingo. E vai receber a mensagem do chefe, lembrando ele para não esquecer da reunião logo cedo (neste momento ele olha o relógio e sai correndo, deixando o café na xícara e a mulher sem beijo).
    Anda uma quadra depois que sai de casa e percebe que a gasolina está na reserva. Para no primeiro posto que encontra e manda completar. Enquanto isto ele continua a ver as notificações do Facebook. E começa a franzir o cenho.

    “Gasolina mais cara a partir de hoje”

    “Governo autoriza alta do combustível”

    “Ministro da Fazendo diz que aumento do preço da gasolina é um remédio amargo, mas necessário”

    Ele olha para a bomba. O frentista está acabando de abastecer seu carro. Os números no mostrador de preço são um choque muito forte. 

    Desmaia.