Sonhando com o vento

12/01/2015 17:07

Patrícia Franz

 

    Logo que cerrei os olhos era o silêncio. Só depois veio o vento. Há tempos não ouvia o sopro dele. Há tempos ele não cantava para mim. E hoje ele veio! Ouço o que ele canta docemente. Ouço Nando Reis. Ouço as vozes das minhas companhias e da minha solidão.

    Há pouco, me tirou para dançar. Levou-me ao céu. Flutuei em milhares de braços, nós rodamos. Ciclones, tornados. Uma lufada furiosa me despiu. Das roupas do medo, das vestes da culpa. Em seguida me vestiu, de sonho e fantasia.

    Prometeu-me o mundo e construiu um castelo com minúsculos grãos de areia, roubados da mais bela praia. Num suspiro terno e sereno, acariciou meus cabelos na mansidão da madrugada. E voei.

    Eu ouço o vento como uma prece. Um mantra que irá varrer para longe tudo aquilo que não povoa meus sorrisos. No meio da noite, precipita minha alegria da manhã.

    O vento é meu. Amigo e tesouro. Guardo-o dentro de mim, no meu peito, para que ambos nos protejamos.

    E, para que, nas noites de calmaria, sua fúria tornada brisa, promova redemoinhos em meu coração.